sábado, 5 de fevereiro de 2011

White Stripes - O fim da dupla, algo bom para a música?

A matéria abaixo, originalmente publicada no site whiplash.net é uma opinião do autor, e que por acaso me identifiquei muito. Apesar de eu achar que Jack White toca muito bem (fora do White Stripes, procure o filme A Todo Volume e saiba o que estou dizendo) será que o fim da banda despertará os olhos desses pseudo-intelectuais que acham que entendem de música?
Você, pseudo-intelectual, quer uma dica?
Antes de dizer que entende de música, estude música e depois dê sua opinião sem preconceitos ou protegendo sua banda favorita.




Fonte: Whiplash
Ontem, a dupla de rock (?) americana WHITE STRIPES anunciou os términos dos trabalhos após 14 anos de carreira. Desde a década passada, a banda formada pelos ‘não-sei-o-quê’ Jack White (guitarra) e Meg White (bateria), era tida como uma licença poética do rock. Com um som sujo, quase atonal e músicas que pareciam ora compostas só por refrões, ora feita sob a luz do pop, o White Stripes encerra suas atividades fazendo história: foi uma das bandas responsáveis por ‘nivelar por baixo’ aquilo que todo mundo chama de bom. De muito bom.

Tenho certeza de que o argumento chuleta, sempre utilizado por aqueles fãs fervorosos que defendem suas bandas, onde ‘tudo é questão de gosto’, será utilizado como escudo de uma das duplas mais desinteressantes que surgiram na música nos últimos 20 anos. Entretanto, eles foram capazes de despertar na mídia (especialmente americana) um dos maiores frenesis na música pop desde o surgimento do grunge.

Só mesmo a imprensa “musical” para se interessar por algo que, se não fossem os pretextos de guitarra e bateria, chamaria de música. White Stripes era uma banda cujo conceito visual despertava interesse e curiosidade em quem os assistia. Além da dúvida BBB, que tomava conta dos mais ocupados jornalistas de plantão: “Afinal de contas, o que seriam eles: irmãos? Marido e mulher? Ou será que eles são músicos?” (leia abaixo o que na verdade são).

White Stripes: o fim do mistério dos irmãos Jack e Meg

Sem contar o uso indiscriminado das cores vermelho, preto e branco. Oh meu Deus! Como esta dupla é genial! Afinal de contas até homenagem à vanguarda artística holandesa neoplasticista eles já fizeram…

Pois é. De lá pra cá (idos de 1997/1998), muito do que surgiu no mainstream, com alguma híbrido entre exótico/autêntico, tomou cara e forma (para alguns) de genialidade, fantástico, bacana. Curioso que facilmente eram rotulados de ‘novo punk’ ou qualquer nome ‘customizado’ para explicar o inexplicável. Aliás, parte da falta de entendimento ou explicação para alguma expressão artística, faz com que os meios de comunicação taxem como ‘fora do comum’ o que é extraordinariamente tosco.

Sim, a arte não precisa se explicar e este tipo de argumento (que é verdadeiro) faz a cabeça de tantas pessoas que, mesmo uma dupla que jamais teve um sentido melódico apurado, nunca ligou para a mixagem dos seus discos e fazia apresentações tidas como fantásticas, utilizando-se de desafinações, microfonias ou grunhidos como ingredientes, e ganhando fãs ao redor do mundo por seu jeito diferente de fazer canções. Engraçado que Yoko Ono, que já fazia reverências pop culturais a long time ago, nunca foi cultuada… Viúvos(as) dos Beatles? Tenho lá minhas dúvidas.

A música do White Stripes sempre foi um background de luxo (?) para os mistérios que a banda propunha e só para fugir definitivamente do que pode se revelar um preconceito bobo e desmedido do autor, procure saber quando as canções da banda receberam atenção da crítica, do público ou mesmo de músicos que são referências. O fascínio exercido pelos White era a simbiose do que cantavam + a transgressão de se ver uma mulher com um kit de bateria infantil e um guitarrista que, de tão ruim, era “fantástico” no olhar de quem procurava por novidades e por novos deuses.

E foi por isso, volto a dizer, que surgiram dezenas de bandecas chatas e sem qualquer tipo de DNA musical, chamando atenção principalmente dos meios de comunicação e depois sendo reverberadas entre os consumidores de música. Creiam: quem domina a comunicação de massa no meio musical busca por freak shows, em qualquer instância. O que poderia explicar o sucesso de Tiririca (“Florentina”), Falcão (“Dinheiro não é tudo mas é 100%),Justin Bibier (“Baby”) ou Aqua (“Barbie Girl”)?

A gente vai sobrevivendo porque sabe que o pior está sempre por vir, mas não deixo de comemorar o fato de que estamos livres do White Stripes no RiR 4… Ou você acha que uma ‘banda’ com um perfil alternativo-queridinho dos pseudo-nerds-intelectuais não foi convidada?

Querem uma boa prova da musicalidade e técnica do músico Jacó Branco? No ano passado, Paul McCartney foi um dos artistas ingleses mais homenageados em território americano. Uma destas festas aconteceram no quintal da ex-esperança do mundo, sr. Barack Obama, lá na Casa Branca. Entre os músicos convidados para homenagear o velho Macca estavam Dave Grohl, Elvis Costello, Jonas Brothers, Jack White, entre outros. Ao final do texto, vejam o ‘estrago’ que a parte homem do White Stripes fez com Mother Nature Sun (The Beatles – White Album).

Intolerâncias à parte – você tem todo direito de gostar de qualquer coisa que se pareça com música e não seja música necessariamente –, faço votos que bandas EXCELENTES possam surgir e ser referência para novas gerações, e que outras venham morrer porque não farão qualquer tipo de falta à história da música mundial. O dia que você vir seu vizinho barrigudo, saindo de casa para pegar o jornal ou levar seu ‘Totó’ para passear, assobiando uma música do White Stripes, eu mudo de ideia.

No vídeo abaixo você aprende a conjugar o verbo “trastejar”.


E voltando a minha opinião sobre Jack White no início do texto, mesmo trastejando ele entende o espírito da guitarra!

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